Desenvolvimento da personalidade: continuidade e mudança

"Personalidade" é um conceito amplo e abrangente. É a organização permanente das predisposições do indivíduo dos seus traços característicos, motivações, valores e modos de ajustamento ao ambiente.

Na vida adulta não existe tanta estabilidade como se acreditava antigamente. É uma idade de transformação.

É verdade que a mudança acontece de uma forma mais pausada, num ritmo mais lento do que na infância ou na adolescência. No período compreendido entre os 5 e 15 anos de vida, ocorrem transformações mais notáveis do que em qualquer outro período adulto.

Na questão sobre mudanças ou estabilidade no comportamento dos adultos, temos:

  • Processos básicos;
  • Tarefas de desenvolvimento que vão sendo propostas no decorrer da vida adulta;
  • A relativa semelhança do padrão de traços;
  • O desenvolvimento propriamente evolutivo e de maturação pessoal cumprida sob todos os níveis anteriores.

 A primeira dificuldade em que tropeça qualquer hipótese sobre estabilidade ou descontinuidade comportamental no longo prazo dos anos adultos está no modo de avaliá-la. Segundo Kagan (1981):

  • Persistência de uma qualidade psicológica ao longo do tempo.
  • Estabilidade “ipsativa”. Com mesmo Individuo.
  • Estabilidade “normativa”, por comparação com um grupo.
  • Semelhança funcional em comportamentos diferentes.

O assunto torna-se ainda mais complicado, porque existem diferenças individuais no próprio facto de mudar ou não. Nesse relevo de estruturas, finalmente, os autores costumam ver ou traçar não só o desenvolvimento real das pessoas, mas também um esboço-modelo do desenvolvimento desejável, de um “bom” amadurecer ao qual aspirar.

Tais estágios de progressiva maturidade na identidade pessoal caracterizam-se: o primeiro, pela reciprocidade de um conviver e compartilhar plenos em comunicação diante do isolamento; o segundo, pela geração de obras ou filhos diante do estancamento e da esterilidade na vida; o último, pela integridade de uma vida pródiga.

Na idade adulta intermediária (até aos 60 anos), essas tensões amenizam-se e as pessoas tornam-se mais reflexivas e ajuizadas. É questionável a precisão cronológica dos períodos e das transições numa extensa idade em que os itinerários e não somente os ritmos das pessoas são cada vez mais divergentes.

Evidentemente, não existe uma única crise da maturidade, da meia-idade, qualquer que seja a data em que for colocada. As crises costumam acontecer no meio e ao longo do caminho da vida adulta.

Certamente, o elemento comum à crise da idade adulta reside na tomada de consciência de que a juventude já passou, de que muitas ilusões e expectativas não se cumpriram jamais. É dar-se conta das frustrações e das limitações da vida.